Aracaê Mirim
- Mas que raio de lugar é esse, oxê! Ando que ando e nada que Chego! - Foi a primeira coisa que o pequeno Aracaê desandou a falar enquanto perambulava nas nebulosas ruas de Pilarium, até chegar até o tal endereço que pedira uma dama muito bela e de poucos amores para ler dias antes, o curioso é que a tal mulher por alguma razão ficou em sua mente e a cena que os apresentou.
Ela comia algo que semelhava uma maçã numa madrugada num beco sem saída quando ele não perdeu a oportunidade:
- Fruta do pecado, hum... Imagina que você seja tudo, de menos santa não é minha flor?
A moça se elevou no alto de 1.75 cm, mais 12 cm das botas salto agulha debaixo do vestido cigano onde Aracaê só conseguiu bater quase em sua cintura.
- Pequeno você, não é? - replicou a mulher de intensos olhos verdes.
- Oh filha, eu dou duas viagens "facinho, facinho"! Sem contar que Deus é pai e não padrasto, na horizontal é todo mundo igual e compatível!- com aquele ar sedutor como um pavão adulando a fêmea.- Sabia que você bater eu quico!- salivando, quando ela o empurrou contra parede já pendendo o punhal no pescoço dele e sagaz rebateu:
- Disso tenho certeza. Eu "quico". "Quico" tenho a ver com isso!
- Oh! Oh! Pega leve bonitona! Está muito cedo para eu ir falar com o Homem lá em cima!- replicou.
Ela o soltou e foi enfática:
- Rompe!
Vendo que era causa perdida Aracaê decidiu arriscar.
- Aí meu doce de jerimum, se vossa graça pudesse pelo menos me dar uma dica de como acho esse diacho desse lugar aqui ó, posso arranjar um "faz me rir", que tal?
Ela volveu o corpo, agachou-se rente e disparou:
- Quanto?
- De perto assim, tu leva até minha cueca como garantia... Mas como tu é gostosa!-ameaçando de novo com o punhal. - Passou, passou! Já está na esquina!
A meretriz apanhou o pedaço de papel e leu:
"Esteja à meia-noite na velha biblioteca da quinta com a Santra. Assunto de seu estreito interesse. Talvez tenha chegado a hora que tanto apeteceu meu caro e pequeno rapaz."
Ass.: P.L
- Oxê, que aperreio é esse?- ele coçou a cabeça.
E quando volveu a onde jazia a silhueta da mulher esta havia esvanecido e só o papel restara no chão.
- Mas? Para onde? Cadê essa rapariga da peste?
E novamente perdido retornou pelo beco até que avistou alguém que julgava conhecer de outra época e seguindo seu instinto resolveu segui-lo.
Lá dentro outros se encontravam. Aracaê já chegou mostrando a que veio:
- É daqui que Chamaram um cabra arretado, mas gostoso que rapadura e adora uma bela dona para "quicar"?
Uma mocinha com um cachorro o fitou chocada e soltou:
- Afê! De onde saiu isso, gente?
- Dos seus mais íntimos sonhos meu anjo!- logo espantado pelo cãozinho ciumento.
E fazendo uma careta se afastou do bichano, e relembrou da conjuntura que recebera o tal bilhete. Numa antiga bandeja de chope no tempo que era um mero e estimado garçom que além do papel uma quantia de dinheiro para chegar até ali.